sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Perdão, Tilikum. Perdão

Era uma vez uma jovem. Forte, inteligente, desenvolta. Teria um vida longa e livre pela frente. Teria.

Com cerca de dois anos de idade, foi raptada quando estava passeando pela Islândia. Aqueles que a tornaram prisioneira deram uma sentença cruel: uma vida inteira de abusos.

Mas por que fazer algo tão torpe a alguém? Não pode ser vingança, pois esse alguém jamais o prejudicou. Então por quê?

A resposta, em uma palavra, é antropocentrismo. Ou, se preferir: especismo.

A jovem raptada nasceu orca. Para a indústria do entretenimento, se você é uma orca, você está automaticamente condenada ao confinamento. Pessoas da espécie humana pagam ingressos e se divertem assistindo performances absolutamente antinaturais de seres que nasceram para ser livres. Seres cujo lar é o oceano. Só que não. Não há liberdade para orcas no mundo dos humanos.

Foi assim com muitos indivíduos, foi assim com Tilikum. Hoje, 6 de janeiro de 2017, Tilikum ficou livre. Aos 35 anos de idade, Tilikum libertou-se da existência de orca no mundo dos humanos.

Descanse em paz, Tilikum. Desculpe por tudo. O que fizemos contigo é irreparável. E só de parar para pensar que a Sea World permanece impune, sinto vergonha da minha espécie. Formamos uma sociedade indiferente ao sofrimento alheio. E talvez esteja aí a síntese de todas as desgraças que colhemos.
Quatro animais que exploram indivíduos de outras espécies. O lucro da Sea World. A tragédia da orca.